Diabetes aumenta risco de doenças nos olhos
Durante o mês de novembro a Federação Internacional de Diabetes (IDF) promove campanha internacional visando alertar a população sobre os riscos do diabetes. Quarta maior causa de morte no mundo, a doença atinge 13,4 milhões de brasileiros. A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que no Brasil 50% dos portadores ignoram ser diabéticos. Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a cegueira é uma das consequências da doença por falta de controle da glicemia e de acompanhamento médico. Prova disso é que a OMS aponta a retinopatia diabética como a maior causa de cegueira definitiva entre pessoas economicamente ativas, entre 20 e 60 anos. “Mais da metade dos casos de perda da visão causados pelo diabetes poderiam ser evitados com exame oftalmológico anual e maior controle do índice glicêmico”, afirma.
O diabetes
O médico explica que o diabetes é uma desordem no metabolismo da glicose (açúcar) que fica acumulada na corrente sanguínea. Em portadores de diabetes do tipo 1 que respondem por 10% dos casos da doença, este processo falha porque o pâncreas diminui a produção da insulina, hormônio que transforma em energia a glicose obtida através da alimentação. Os sintomas são: grande volume de urina, sede excessiva, cansaço e perda de peso. O tratamento é feito com reposição de insulina.
Nos outros 90% que têm diabetes do tipo 2, ele explica que as células musculares e de gordura se tornam resistentes à insulina, ou seja, precisam de uma quantidade maior d0o hormônio para quebrar a glicose. O tratamento é feito com medicação que estimula a produção de insulina para equilibrar o metabolismo da glicose. O diabetes do tipo 2 pode estar relacionado à hereditariedade, sedentarismo, obesidade e estresse. “O maior perigo é a falta de sintomas que facilita a falta de controle do índice glicêmico” ressalta Queiroz Neto. É por isso, comenta, que o diabetes provoca doenças oculares, cardiovasculares, renais, e amputações.
Flutuação da refração
Queiroz Neto diz que um dos efeitos do excesso de glicose é a miopia causada pela maior absorção de água pelo cristalino. “Isso acontece com mais frequência depois das refeições quando o nível de glicose sobe”, explica. Entre mulheres, ressalta, as oscilações dos hormônios sexuais podem provocar maior absorção de água pelo cristalino e um grau mais alto de miopia. Períodos prolongados de jejum fazem o cristalino desidratar e a miopia desaparece. Por isso, comenta, antes de prescrever óculos a diabéticos, o oftalmologista deve verificar se o paciente está descompensado, ou seja, sem controle do índice glicêmico. Uma dica do médico para manter a refração e a glicemia mais estável é se alimentar a cada 3 horas, dando preferência aos grãos integrais, verduras e frutas em pequena quantidade.
Catarata
O especialista esclarece que a repetida hidratação e desidratação do cristalino alteram suas fibras, antecipando a formação da catarata, opacificação do cristalino que responde por 47% dos casos de cegueira tratável no Brasil. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular. “No caso de diabéticos quanto antes o procedimento é feito, melhor para o controle da glicemia”, afirma. Isso porque, a catarata diminui a quantidade de luz azul que chega à retina e com isso a produção de melatonina, hormônio que regula nosso estado de alerta e sono. Resultado – Diabéticos que convivem muito tempo com a catarata ficam estressados pelas noites mal dormidas, ganham peso e maior resistência à insulina.
Glaucoma e retinopatia
O diabetes altera a viscosidade do sangue e por isso provoca problemas nos microvasos dos olhos de 74% dos portadores, segundo pesquisa do IDF. Das doenças oculares causadas pelo diabetes, Queiroz Neto ressalta que as mais graves são o glaucoma e a retinopatia. O glaucoma está relacionado á dificuldade de escoamento do humor aquoso que causa elevação da pressão intraocular e morte de células do nervo óptico.
A retinopatia diabética são alterações nos vasos da retina, membrana de fibras nervosas que fica no fundo do olho, recebe as imagens e as envia para o cérebro. O diagnóstico é feito através de exame de fundo de olho e o tratamento pode incluir aplicação de laser, injeções antiangiogênicas ou cirurgia em casos de hemorragia ou descolamento da retina. Por se tratar de uma área do olho onde nem sempre os procedimentos levam à completa recuperação, a prevenção ainda é o melhor remédio.